Beijo gravado para a minissérie "Clandestinos", que não foi exibido pela Globo em 9/12/2010
Na carta de resposta, datada de 3 de fevereiro de 2011, o diretor alega que "emissora entende que a classificação estabelecida pelo Ministério da Justiça para a programação televisa não se limita a ser indicativa, uma vez que efetivamente proíbe a veiculação de programas que apresentem conteúdos considerados “sensíveis”, fora das faixas horárias determinadas, e que, inclusive, substitui o poder parental, uma vez que não há a possibilidade de que os pais autorizem a exibição para seus filhos, como ocorre no cinema para sessões de filmes classificados”.
Luiz Erlanger, diretor da Globo
Na resposta da Globo, "não cabe [à emissora] promover institucionalmente o beijo gay, assim como não cabe promover o beijo hetero, nem dizer ao autor como ele deve contar a sua história". Além disso, no entendimento da emissora, a causa é a diversidade e o respeito às diferenças, e não seria a teledramaturgia o ambiente adequado para levantar bandeiras de questão moral no campo da sexualidade. Como diz a carta, "cabe à emissora combater a intolerância, o preconceito e a discriminação contra eles, o que é estimulado por meio de campanhas. Porém, a (livre) sensibilidade artística é a única medida possível para “dosar” ou delinear a ousadia criativa, o que vale para toda e qualquer situação ou tema. Esse desafio torna-se ainda mais difícil quando se trata de respeitar uma audiência não-segmentada, múltipla em suas expectativas e preferências."
Luiz Erlanger citou duas obras recentes da teledramaturgia da emissora que exibiram beijos entre personagens do mesmo sexo, "Mulheres Apaixonadas" (2003) e " Queridos Amigos" (2008). Na primeira, o beijo acontece no ato final de uma encenação de “Romeu & Julieta”, em que uma atriz representa Romeu/Rafaela (Paula Picarelli), enquanto Julieta/Clara (Aline Moraes) está adormecida. Na minissérie, o personagem Benny (Guilherme Weber), um homossexual assumido na trama, rouba um beijo de um amigo, Pedro (Bruno Garcia).
Já o especialista em teledramaturgia Mauro Alencar vê avanços no modo com que as novelas retratam as relações homossexuais. "Nos anos 70, retratar uma relação entre dois homens tinha que terminar com morte - caso da novela "Rebu". Nos anos 80, a troca de olhar já era permitida. Quando Silvio de Abreu escreveu "A Próxima Vítima", o rapaz já dialogava com a mãe e a mãe falava com o pai sobre a homossexualidade do personagem. Agora, em "Ti Ti Ti", existe uma nova configuração social - a mesma coisa das duas meninas que adotaram um bebê em “Senhora do Destino”". Para Alencar, “vagarosamente, são situações que são sendo ampliadas, compreendidas, que a novela contribui para tornar a sociedade mais tolerante”.
Fonte: http://televisao.uol.com.br
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